sábado, 1 de agosto de 2009


Parte III - Na antecâmara da sanidade

unTroglodita


Como num passe de mágica, uma voz masculina me subtraiu de Mangaratiba, fazendo-me viajar — sem sair do lugar — por “histórias” pitorescas, onde eu era a única testemunha — ou prisioneiro?

Me sinto como um espectador num cinema, num planetário, sei lá. É tudo muito confuso.

A tal voz então disse:

— Ter um futuro, ou não, está em suas mãos. Tudo vai depender exclusivamente de você. A resposta é clara: Amendoim...

Não me considero uma pessoa lá muito religiosa, mas se esta voz era de Deus ou coisa próxima disso, fiquei indignado com a falta de consciência e compaixão, pois citar esta palavra desgraçada era tudo o que eu menos precisava naquele momento desafortunado. Apesar disso, o tom da voz era suave, carinhoso, quase materno.

Repito: não sou uma pessoa religiosa e espiritualista, acho que até nego muito isso em minha vida, mas comecei a compreender um pouco mais os prejuízos e o infortúnio que assolaram a vida mansa de Jó.

Será que Deus não tem pena ou consciência de minha dor? Ah, já sei! Além de nunca ter comido amendoins, Deus não tinha uma mãe chata e totalitário como a minha. Mas...Deus não é o senhor de toda a gênese? O Mestre da criação que arquitetou todo o universo visível e invisível? Como Ele pode não saber, então, o que é um amendoim? Tem alguma coisa errada nesta história. Eu que não sou porra alguma neste mundo criado pelo Incriado sei na pele o que é esta merda, como é que o Pai do Nazareno não sabe?

Eu só não digo que Deus não tem mãe porque parece que há uma lorota aí a respeito de uma Virgem Maria e um tal de Espírito Santo.

— Chega de especulações, seu teimoso! Assista a sua salvação..., Amendoim...

Não sei onde estou e muito menos para onde irei, mas já me mandaram para lá sem o mínimo consentimento. Viajo, portanto, a contragosto e com o gosto amargo dos malditos amendoins em minha boca.

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