segunda-feira, 15 de novembro de 2010


Milagre do sêmen
por
unTroglodita


Dedicado a dois grandes amigos, minha mãe, D. Conceição e Tadeu Borges

Para os amigos Carlos Augusto
e
Ivonne de Genova Silva in memoriam


“Quanto maior for o predomínio da razão crítica, tanto mais nossa vida se empobrecerá; e quanto mais formos aptos a tornar consciente o que é mito, tanto maior será a quantidade de vida que integraremos. A superestima da razão tem algo em comum com com o poder de estado absoluto: sob seu domínio, o indivíduo perece”
(C.G.Jung)


Primeira Narrativa

“...Eu não vim do futuro: estou, estamos nele, por isso falo no seu presente! Voltei apenas para contar o que se passou numa época muito afrente, bem distante da sua. A aparente incongruência espaço temporal do relato deste amanhã, têm raízes no seu tempo. Não duvide: O teu passado não poderia estar mais identificado e conjugado com um tempo que não fosse o meu futuro. Somos irmãos desde épocas imemoriais! Quero falar sobre as origens da salvação: as ‘sementes’...”

Parte I — Oríginem, motívus

Eu ainda não tinha nascido, pois apareci neste mundo poucos períodos após os eventos que citarei a seguir. Sou um fruto deste importante estágio transitório, onde muitos já afirmavam ser uma eclosão civilizatória única em todos os tempos.

Não sabiam eles que uma fase de abominável barbárie jamais vista, estava sendo orquestrada — sob o manto de um antigo e muito bem organizado grupo de seletos agentes do mal.
Na época desta narrativa, distante ainda séculos do tempo de vocês — mas nem tanto...—, um novo padrão religioso tomou vulto sobre a Terra, conquistando milhões de ardentes e devotados corações humanos, num curtíssimo período de tempo.

Não era apenas um culto, e muito menos uma religião fossilizada em ritos que mecanizava seus seguidores em repetidores sem fé. Não! Era, acima de tudo, um ato que transformava todos em sacerdotes de Deus. Não poderia dizer que eram vulgos batistérios, pois estes não sagravam com gestos vazios, e não mais com água, como se fazia há milênios: eles agora ungiam com o fogo!

Diferentes da Cúpula Sacerdotal que se mantinha com uma casta pura, sem miscigenação alguma há inquebrantáveis séculos, através dos milênios, todos os homens e mulheres continuavam a viver suas existências sem restrições. Todavia, a única exigência — o compromisso espiritual — era a disseminação do saber e da sagração recebida em cerimônia secreta, sempre que necessário, pois não existia diferença alguma entre os poderes de bênçãos espirituais da humanidade iniciada e da Cúpula Sacerdotal.

Pois bem, o êxito e o alcance espiritual desta nova religião foi, como disse, rápido, e conquistou, igual uma cruzada bélica que em vez de territórios, conquistava almas. Isso já representava ¼ de toda a população do planeta. Isso mesmo!, eram bilhões de almas a serviço do bem. Logo, este poder emergente assustou muita gente mal intencionada, especialmente os que viviam, desde tempos imemoriais, sob o “manto negro de um antiquíssimo mal”.

Como forma de definitiva reconquista, um organizadíssimo movimento materialista, ateu e de raízes obscuras e cruéis foi colocado em atividade por estas mesmas hostes malignas, abrangendo, em todo o mundo, uma influência nefasta e corrupta no legislativo, na mídia, nas indústrias de alimentação, mas com um domínio chave e estratégico da agricultura e da política.


P.S.: A ideia deste conto, divido em três narrativas e sete partes, surgiu em 1999. Mas eu não conseguia levar a redação adiante, pois não tinha certeza a respeito do formato a ser seguido, bem como de toda a estrutura do texto. Portanto, por mais de 10 anos, eu fiquei tentando encontrar uma "solução". Somente no final de 2009, a partir de conversas com meu amigo Tadeu, entendi o que deveria fazer e qual o caminho a ser seguido. Ele voltou a ser escrito no Natal de 2009, sendo concluído agora, em novembro de 2010. Ele é o primeiro conto do "Livro de Emersão".

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